quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Amato Fratello: São Francisco de Assis

NOSSA IGREJA o prestigia como um dos grandes santos, patrono dos poetas, escritores, dos ecologistas, mas acima de tudo, é notado por outras entidades religiosas e filosóficas, como um dos mais belos exemplos de luz e humanidade que passou pela Terra, e admirado por milhares de pessoas no mundo todo, independendo de qualquer religião e crença. SÃO FRANCISCO DE ASSIS, é, sem dúvida, um dos ícones  santos mais respeitados não somente pela cristandade, mas em todo o mundo


Veio ao mundo como Francesco Bernardone, numa cidade chamada Assis, situada na Perusa, Itália, cidade esta que na época era um refúgio da águia germânica. Frederico Barba Roxa a havia deixado nas mãos de seu sucessor, Conrado de Lützen, que desalojou de seus palácios os nobres, “gibelinos” para viver livre. Mas dois fatores contribuíram decisivamente para a libertação de Assis: a fé de seus bispos católicos e o poderio econômico de seus negociantes. Sua evolução foi um caso típico do desenvolvimento das comunidades da Itália. Foi neste cenário, que veio Francesco ao Mundo, em 1182, como o primogênito de um afortunado comerciante chamado Pietro (Pedro) Bernardone, homem sagaz, notável negociante, mas avarento e de caráter violento, e de uma formosa mulher francesa, cujos antepassados eram da nobreza.


Francesco foi criado em meio a todo conforto que seus pais lhe podiam proporcionar, e aprendeu as primeiras letras na Igreja de São Jorge, situada fora das muralhas de Assis. Desde cedo, o jovem Francesco (nota: seu nome, dado pelo pai, admiradores dos franceses, significa: “pequeno francês”), rico e quase independente, foi orientado por seu pai no mundo dos negócios dos comércios de tecidos, e tinha grande êxito nos empreendimentos que realizava, não tanto por seu tino comercial, mas porque sabia captar a amizade das pessoas. Possuía uma simpatia inigualável e profundamente cativante.


Entretanto, mesmo assim, Francesco era um homem extremamente vaidoso, boêmio e libertino. Gostava da boêmia, das mulheres, e do vinho, e, além disso, gostava de dividir sua alegria para com todos seus amigos, e era um mão aberta. Todos em Assis tinham amizade a Francesco. Os mendigos o estimavam, pois o jovem estava sempre com a bolsa aberta para eles. Sempre alegre, Francesco sentia repugnância pelas vulgaridades.


No ano de 1196, o Duque Conrado se viu forçado a ir render homenagem a Inocêncio III, em nome do Ducado de Espoleto e do Condado de Assis. Aproveitando-se da ausência do Duque, o povo de Assis assaltou a fortaleza que garantia o domínio estrangeiro. Mas era preciso, depois de tamanho golpe de audácia, estar preparado para defender a cidade, quando depois os teutões assim regressassem.


Foi então, preciso que todo o povo de Assis, ricos e pobres, fossem se apresentar para trabalhar nas fortificações militares e nas obras, e entre eles, se apresentou Francesco Bernardone. Terminada as obras de fortificação, o jovem filho de Pietro se alistou nas fileiras do exército que se formara para combater as tropas de Frederico Barba Roxa. Todos os castelos ficaram em poder dos rebelados. Os nobres, despojados de seus haveres, apelaram para os de Perusa, aos quais prometeram vassalagem em troca da ajuda. E as tropas de Perusa se voltaram para assediar a cidade de Assis. O exército de Assis, formado pelos nobres que se haviam mantido fiéis a Comuna pelos mercadores e pelo baixo povo não resistiu ao ímpeto do ataque e foi derrotado. O Inimigo fez inúmeros prisioneiros, e entre eles, estava Francesco, que junto com seus amigos e colegas de luta ficou dois anos no cárcere, quando pôde finalmente voltar a Assis com seus companheiros de prisão.


Mas mesmo assim, Francesco, que sonhava em ser um Cavaleiro e um Homem de Armas, não muito tempo depois, alistou-se no exército de Gualtério de Brienne, que em pula, defendia os direitos da Igreja Católica, e necessitava de guerreiros para combater Marcovaldo, que tentava hostilizar o Papa. Assim, partiu com belos trajes de batalha rumo à tropa.


Um fato interessante que Francesco, tendo conhecimento de um ex-nobre que desejava participar do combate contra as forças de Marcovaldo e que empobrecera em sua última campanha, não tinha sequer uma armadura para entrar na batalha. Nisso, Francesco se dirigiu ao cavaleiro referido e o conduziu a sua tenda, onde mostrou a ele suas armas, e pediu ao pobre cavaleiro que escolhesse e pegasse a que ele mais o agradasse, como um presente. O cavaleiro aceitou o oferecimento e alegremente empreendeu a marcha para Pulla em companhia de todos os guerreiros. Um episódio o quanto já demonstra a imensa generosidade do jovem Francesco de Assis.


Entretanto, Francesco pensava como os seus demais companheiros: a carreira das armas era tudo que importava, pois levaria a conquista de altas honrarias. Mas certa noite, Francesco sonhou que alguém o chamava pelo nome e o conduzia por suntuoso palácio cheio de panóplias. Cada salão era autêntica sala de armas. No sonho, Francesco perguntava ao estranho personagem:


-A quem pertencem tão esplendidas armas e tão formoso palácio?


E o estranho personagem no sonho lhe respondeu:


- a ti e a teus companheiros.
E Francisco neste sonho, ainda perguntou a este estranho personagem:


-Mas terei eu exércitos e comando?
E o personagem ainda responde:


- Toda uma legião te seguirá, Francesco.


Em Espoleto, Francesco se viu forçado a parar devido a uma febre durante a campanha. Foi quando ele teve outro sonho, e o mesmo estranho personagem que aparecera no sonho anterior, lhe perguntou:


- Quem pode te fazer melhor bem? O amo ou o servo do senhor?
E Francesco respondeu:


- O amo sem dúvida


E o estranho personagem ainda pergunta a ele:


- Então por que tu deixas o amo pelo servo, e o príncipe pelo vassalo?
E Francisco perguntou:


-Então, o que devo eu fazer?


E o estranho personagem de seus sonhos respondeu-lhe:


-Volte a Assis, e lá te dirão o que fazer.



Desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de Pedro Bernardone, contrariado em seus projetos, Francesco retornou a Assis, dando prova da energia de seu caráter e do valor do seu ânimo, virtudes que se mostrariam valiosas mais tarde nos percalços de seu novo caminho.


Começou a longa busca e a longa espera: "O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?" Era esse o constante questionamento de Francisco.


Para tentar desvendar os desígnios de Deus, passou a se dedicar à oração e à meditação. Percorria campos e florestas em busca de lugares mais tranqüilos, em busca de respostas para suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo passou a ter outro sentido. Passou a enxergar as coisas com outros olhos e outro coração.


Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: "É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!" E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.


A família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francesco: o que lhe estaria acontecendo? Será que ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se conformava! Não era isso que ele tinha sonhado para seu filho! Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu estabelecimento comercial.


Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfato, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo.


Mas, então, como que movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando naquelas mãos sangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade.
Falando depois a respeito desse momento, ele diz: "O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus".
Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, semi destruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo bizantino, que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: "Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas". Não percebendo o alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava precisando de urgente reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja paterna um grande fardo de fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela com suas próprias mãos.


Conhecendo o caráter de Pietro Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver desfalcada sua casa comercial e perdido o seu dinheiro. Não bastava já o desfalque que dava ao entregar gratuitamente mercadorias e alimentação para os "vagabundos" necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se esconder da fúria paterna.

Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de porta em porta na cidade de Assis. Para Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma sua família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim, Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo debaixo da escada da própria casa paterna. Depois de alguns dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir livremente para seguir o seu destino.


Ao final de 1206, Pedro Bernardone, convencido de que nem as razões nem a força podiam torcer o ânimo de Francisco, decidiu recorrer ao Bispo, instaurando-se um julgamento como nunca aconteceu na história de outro santo. O palco do julgamento foi à própria Praça Comunal de Assis, junto à igreja de Santa Maria e à casa do bispo, bem à vista de todos.


Bernardone exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: "Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste".
O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto.



Daquele momento em diante, cantando "Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo", afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade. Cada dia percorria as ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras e trabalho na restauração das "Casas de Deus" que estavam em ruínas.

De alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a zombaria. No entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido completamente o juízo.


Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder.

Devia ser aquele o ano de 1209. Certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso..." (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: "É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!" E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: "Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo"!

A partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo.
Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e manifestaram o desejo de seguí-la.

No ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma para buscar a aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo?


Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa os recebeu.


Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja, naquele tempo tão distanciado dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu modo de viver o Evangelho a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregar o Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com sua bênção. Este fato histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210, marcando o nascimento oficial da Ordem Franciscana. 

Ao voltar de Roma, Francisco e seus companheiros resolveram ficar por uns tempos em Rivotorto. No lugar de Rivotorto, existia um pequeno casebre, cuja função era apoiar e dar abrigo aos viajantes que pontualmente passavam por ali.

A vida de São Francisco de Assis é repleta de inúmeras virtudes. O calor de seu iluminado espírito, desejando sempre repassar aos seus queridos filhos, bem como o ardor na busca devotada à Paixão de Jesus Cristo, são gestos que impressionam, e que são admirados por toda a humanidade.


Francisco tudo transformava, através do amor universal, humildade e compaixão. O homem santo não teme perder sua pureza, no meio dos impuros. Do mesmo modo que Cristo viveu entre os sofredores e entre os humildes, São Francisco de Assis se mistura aos doentes, aos desesperados e aos pobres. E é pelo esforço constante em direção à partilha do que lhe é dado com aqueles que não têm nada, que se fortificam suas aspirações e seus méritos, ao mesmo tempo em que suas faculdades espirituais.


Amava intensamente a Deus e ao próximo, vivia à luz de uma fé profunda, que compartilhava com os pobres e abandonados. Sua vida era de orações e sacrifícios, para fundir-se com Aquele que tanto amava. Doava-se com franca generosidade, como se estivesse doando-se ao próprio Jesus.


Francisco de Assis era um místico em toda a essência da palavra, pois tinha a total percepção das personalidades divinas, o contato com o plano espiritual era constante, e lançava-se sem medo em direção do Pai que lhe dava a vida, em direção ao Filho, que lhe dava o processo intelectual através do Verbo e através do Amor, e ia em direção do Espírito Santo que o iluminava constantemente.


São Francisco é um exemplo para a humanidade, seja durante a reflexão, na meditação, na angustia, na dor ou no sofrimento. Nele se encontra o perdão, tal como Jesus o ensinou, e a generosidade para atuar na vida.


FRANCISCO E CLARA DE ASSIS
CLARA era bela, rica, poderosa. Um dia conhece Francisco, ouve-o pregar e escolhe viver na mais absoluta pobreza. Nasceu em 1194 numa família nobre e rica, na cidade de Assis. Foi uma jovem alta e loira de grande beleza que esteve prometida em casamento a grandes senhores feudal. A sua recusa ao casamento inseriu-se na “profunda inquietação religiosa” que muitos homens e mulheres sentiram nos séculos XII e XIII e que os levou ao retorno a uma vida ascética e desprovida de bens materiais. Clara. Clara era de uma grande exigência para consigo própria. A opção pela mais absoluta pobreza, para melhor viver o cristianismo, faz dela uma mulher admirável para os parâmetros da sua época e para a Humanidade. Clara foi a mais velha de cinco ir mãos — Inês, Beatriz e dois irmãos. A sua infância e juventude foi a de uma menina fidalga. Gostou de vestidos de seda bordados, usou muitas vezes jóia quando com a família ia às festas da sua cidade ou assistia aos torneios onde a destreza dos irmãos e amigos era certamente para ela um motivo de aplauso. Aos doze anos era considerada de uma beleza fora do vulgar e os seus dotes artísticos eram o orgulho da mãe e do pai. Este achou que era chegada a idade de casá-la, mas Clara foi dizendo que não estava preparada.


Foi no período em que Francesco Bernardone tomou atitudes radicais de mudanças em sua vida, no mesmo período que todos os achavam louco, e o pai Pietro levar a agredi-lo, que os dois se conheceram, e desde então houve uma afinidade espiritual muito grande. Quando Francesco, por fim, se desligou de seus direitos de nobreza e do poder do pai, é que ele tratou de reconstruir a Igreja de São Damião com a ajuda de esmolas que ele pedia. Afinal, Francesco não podia deixar de cumprir a promessa que fizera de restaurar a Igreja de São Damião. Voltando a Assis depois de algum tempo afastado para meditar, foi à praça principal e começou a implorar ajuda dos que passavam. Entre os transeuntes, estava a jovem Clara, com sua irmã, e mais uma dama de companhia.


Francesco não pedia dinheiro, mas sim, tijolos e pedras para restaurar a Igreja de São Damião, e Clara se apiedou do ex-nobre, que agora nada mais era que um opróbrio da sociedade da época, Entretanto, tanto ela quanto sua irmã, estavam fascinadas por Francesco.


Um ano depois, Clara vai à Capela de Santa Maria dos Anjos ouvir a pregação de Francesco e conversa com ele. Vai vestida de maneira discreta, sobre a cabeça põe um manto pesado para não ser reconhecida e faz-se acompanhar de uma amiga de confiança.


Clara não mais vai esquecer essas conversas nem a forma humilde como ele se vestia - descalço uma túnica de pano grosseiro, apanhada na cintura com uma corda e um cajado encimado de uma cruz e aquele olhar sereno e feliz. Aquela felicidade que só alguns conseguem atingir.


Durante quatro anos, silenciosamente, sem mesmo dizer à mãe o que se passava no seu pensamento, Clara vai meditar na sua vida. Aos dezoito anos de idade, no dia 18 de Maio de 1212, sai de noite de casa, acompanhada da amiga fiel, Filipa de Guelfuccio, descem a encosta até a Porciúncula onde Francesco, outros frades e freiras de outros mosteiros as esperam. Leva por baixo do manto um vestido de noiva, adornada com jóias: é o costume que ainda hoje se mantém nas tomadas de hábito das freiras que depois despem as vestes da “riqueza mundanapara envergarem o hábito da pobreza. Neste caso a verdadeira pobreza franciscana — o véu branco da pureza e o negro símbolo da penitência.
Na cerimônia de profissão de fé de Clara, no mosteiro de Francesco, é e!e próprio quem lhe vai cortar os cabelos. Diz-se que ao ver cair àqueles fios doirados no chão, o santo terá deixado rolar uma lágrima.


A família, ao dar pelo desaparecimento de Clara, desencadeia as buscas, tendo à frente o tio de Clara. Pensa-se primeiro num rapto da autoria de algum jovem, o que era vulgar na época (eram chamados os “casamentos por rapto”), mas depois descobre-se que ela se recolhera junto da comunidade de Francisco. O tio Monaldo diz que a culpa é desse “doido” e jura que a trará para casa. Mas quando chega ao mosteiro das beneditinas de S.Paulo, em Bastia, próximo de Assis, onde Clara se recolhera, vê a sobrinha descalça vestida pobremente que com serenidade e segurança lhe diz que não mais voltará para casa dos pais, porque é aquela a vida que escolheu. Fica indeciso. Ainda tenta forçá-la a segui-lo. Porém, Clara — para que ele perceba que a sua opção não foi um impulso passageiro tira o véu e mostra-lhe a cabeça rapada. O tio solta um grito de raiva. Aqueles cabelos louros, elogiados por toda a cidade, já não cobriam a bela cabeça da sobrinha e, meio descontrolado, retira-se com os seus soldados. Como a família de Francisco, também a de Clara teve de encarar a escolha da filha como algo mais forte que os poderes terrenos.


Ortolana, a princípio, não percebe bem o alcance do gesto da filha porque pensa que ela poderia ter escolhido ser freira num convento rico, para onde iam tantas meninas da nobreza. Inês, irmã de Clara, quinze dias de, pois fará o mesmo e a própria mãe, mais tarde, já viúva, vai também entrar num convento.


Clara fundou a Ordem das Clarissas – “As Damas Pobres”. Assim, chegariam à santidade aquela menina loura que um dia, numa praça de Assis, se compadeceu de Francisco, quando ele pedia pedras para São Damião.





FRANCISCO E O AMOR PELOS ANIMAIS
Francisco de Assis devotava pleno amor aos animais, fossem eles de qualquer espécie, se referia aos bichos como irmãos: irmão fera, irmã leoa. São Francisco de Assis também amava as plantas e toda a natureza: irmão sol, irmã lua.


Uma tarde, ao chegar a uma região da Itália chamada Gubbio, encontrou a população aterrorizada com a ferocidade de um lobo que assolava aquela região devorando pessoas e animais. Ninguém ousava sair do campo e os trabalhos agrícolas estavam negligenciados. Entretanto, Francisco não temeu. Foi ele procurar o lobo e prometeu a população que ele não iria mais molestá-los. Os habitantes de Gubbio viram-no desaparecer a caminho das montanhas. Francesco caminhou pela floresta adentro até que, por fim, a fera lhe surgiu pela frente, rugindo ameaçadoramente. O fratello de Assis fixou um doce olhar nos olhos do animal enfurecido e se aproximou, fazendo o sinal da cruz: “Vem aqui, irmão lobo”. Como se fora um cordeiro, o lobo foi se deitar submisso aos pés do santo, e este disse”: “ faremos um tratado de paz, irmão lobo. Nem tu farás mal a alguém, nem alguém te incomodará. Em troca, eu te prometo que terá sempre alimento”.


Mais tarde, o povo de Gubbio viu Francesco descer da montanha em companhia do lobo que, pacificamente, brincava com a orla do seu hábito. A Partir de então, a fera se tornou mansa e todos os dias, ia à busca do alimento que pessoas do povo lhe deixavam.


Francisco de Assis também conversava com as aves, e com elas tão bem entendia que às vezes lhes ordenava que se calassem porque seus trinados estavam perturbando suas prédicas. Os pássaros obedeciam sem se retirar do local e só recomeçavam o chilreio quando o fratello lhes dava a benção.


QUASE UM MÁRTIR.


Francisco ordenou alguns de seus irmãos franciscanos a terras da Síria, região onde propagava a crença de Maomé. Entretanto, muitos deles não tiveram êxito, e por propagar a fé em Jesus Cristo, muitos deles perderam suas vidas. Então, o próprio Fratello de Assis foi à busca de igual martírio para si, mas não o encontrou. Embora fosse aprisionado, o sultão o tratou com cordialidade, tal a irradiação mística de Francisco. No seu regresso da Síria, alguns dos frades de sua Ordem foram-lhe pedir que reformassem a Regra da Ordem por a acharem muito rígida. Mas em Roma, Francisco obteve por mediação do Cardeal Ugolino a confirmação de seus ideais de pobreza, ficando também estabelecido um ano de noviciado para todos, em bula papal.


OS ESTIGMAS

Francisco de Assis, aos 43 anos de idade, recebe os estigmas em setembro de 1224 no monte Alverne, após uma visão do Cristo Crucificado, onde se encontrava em companhia de Leão e Rufino para um período de jejum. Os estigmas foram à confirmação de sua missão. Francisco terminou sua caminhada de imitação de Cristo. É o primeiro a receber os estigmas no cristianismo. Ele procura esconder seus estigmas com ataduras. Durante sua vida só duas pessoas viram seus estigmas, Frei Elias, que viu (e que tivera um sonho ou visão Dizendo que Francisco teria mais dois anos de vida) e Frei Rufino, que tocou.


As dores de suas chagas só fizeram aumentar sua fé e seu desejo de não possuir nada. Francisco não possui absolutamente nada, nem suas vestes eram dele. Tudo o que tinha era emprestado ou doado para na hora devida ser devolvida. Quando morreu, os que o cercavam precipitaram-se sobre seu corpo e o número dos que afirmavam ter visto os estigmas de Francisco não parou de crescer durante todo o século XIII.


A Legenda Trium Sociorum – Legenda dos três companheiros é a fonte que melhor explica este momento. Pois os três companheiros eram Leão, Rufino e Ângelo que era o único que não se encontrava no monte Alverne com Francisco. Sua vida foi cercada de amigos que mais tarde serviriam de testemunha durante as pesquisa para a realização de suas primeiras biografias.


SEUS ÚLTIMOS ANOS


Em março do ano seguinte, visita Clara em São Damião. Nessa época, sua saúde já estava um tanto abalada e sua visão começara a se perder. Ele pretende ficar ali numa cela ou na casa do capelão, mas, cedendo aos pedidos do vigário da Ordem, Frei Elias consente receber tratamento médico: a estação é muito fria e o tratamento é transferido.


Ainda em São Damião, por volta de abril, Francisco recebe tratamento, mas não melhora. Recebe a promessa da vida eterna. Depois de uma noite dolorosa, atormentado pela dor e por ratos, compõe o Cântico do Irmão Sol. Junto a Santa Clara.
Em Setembro de 1226, sua saúde piora, e é levado a via Nottiano, para o palácio do bispo de Assis. D.Guido acha-se ausente, em peregrinação ao Santuário de São Miguel, cuja festa se celebra no dia 29, no monte Gargano.

Sentindo iminente a morte, pede para ser levado para a Porciúncula. Chegado à planície, lança sua bênção sobre Assis. Nos últimos dias de vida, dita o Testamento, auto-testemunho de incalculável valor para a vida e os propósitos de homem tão singular. Com a proximidade da morte, pede que o deite nu no chão. Depois aceita emprestado o hábito que o guardião lhe dá. Faz ler o Evangelho da Última Ceia e abençoa os filhos seus, presentes e futuros.


Na tarde de 3 de outubro de 1226, Francisco, o outrora jovem boêmio galante, sagaz, nobre filho de um bem sucedido comerciante, que largou todas suas posses para se dedicar a “irmã pobreza” e a “irmã caridade” morre cantando "mortem suscepit". No dia seguinte, 4 de outubro, é sepultado na Igreja de São Jorge, na cidade de Assis, mas o cortejo fúnebre passa antes pelo mosteiro de São Damião, para a despedida de Clara. Sua fama em santidade foi tanta que dois anos depois, a Igreja católica o canonizou, elevando-o aos altares. Algo de fato dignamente merecedor para um homem que dedicou sua vida ao amor incondicional ao próximo, e pela paz. Um ícone religioso a servir de exemplo para toda a Humanidade, independendo de qualquer crença ou mesmo religião que possamos abraçar.


O CÂNTICO DO SOL


“Altíssimo, onipotente, bom Senhor, Teus são o louvor, a glória, a honra E toda a benção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; E homem algum é digno De te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor, Com todas as tuas criaturas, Especialmente o Senhor Irmão Sol, Que clareia o dia E com sua luz nos alumia. E ele é belo e radiante Com grande esplendor: De ti, Altíssimo é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Lua e as Estrelas, Que no céu formaste claras E preciosas e belas. Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Vento, Pelo ar, ou nublado Ou sereno, e todo o tempo Pela qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Água, Que é mui útil e humilde E preciosa e casta. Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Fogo Pelo qual iluminas a noite E ele é belo e jucundo E vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a mãe Terra Que nos sustenta e governa, E produz frutos diversos E coloridas flores e ervas. Louvado sejas, meu Senhor, Pelos que perdoam por teu amor, E suportam enfermidades e tribulações. Bem aventurados os que sustentam a paz, Que por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a Morte corporal, Da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar Conformes á tua santíssima vontade, Porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei a meu Senhor, E dai-lhe graças, E servi-o com grande humildade. “





ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
4 de outubro é a data que se celebra a memória deste grande homem que foi em vida e espírito. Também nesta data, comemoramos o dia dos ecologistas e da defesa dos animais. Este artigo eu dedico a todos os fãs de Francisco de Assis, e a todos que como ele também preservam a natureza o amor a todas as criaturas, e lutam pela Paz.


Pax et Bonum

ESPECIAL:  CINE-VIDEOTECA CATÓLICA APRESENTA O FILME "SÃO FRANCISCO DE ASSIS", EXTRAÍDO DO ABENÇOADO SITE "GLÓRIA TV". PRODUZIDO EM 1961, EM PRODUÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS E A ITÁLIA, E DIRIGIDA POR MICHAEL CURTIZ, O MESMO CINEASTA DE "CASABLANCA". ASSISTA.





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