sábado, 20 de outubro de 2012

Videoteca: Ben-Hur - Obra Prima do Cinema Sobre a Redenção.


Um dos campeões do Oscar, e estrondoso êxito mundial, esta superprodução dirigida pelo lendário cineasta William Wyler (*1902- +1981) é um impressionante épico histórico-romanesco de espantosa dimensão humanista, religiosa, e mística.



No sétimo ano do reinado de César Augusto, o príncipe hebreu Judah Ben-Hur (Charlton Heston) nasce no mesmo ano que Jesus Cristo. Tudo se inicia com o nascimento do Redentor e a visita dos Reis Magos. Anos mais tarde, reencontra o seu amigo de infância, o nobre romano Messala (Stephen Boyd, *1930 - +1977), que assume a chefia militar de Jerusalém.




Um incidente, de que a mãe e a irmã de Ben-Hur foram involuntariamente protagonistas, e a recusa de Ben-Hur em denunciar os patriotas hebreus em luta contra o ocupador romano levam Messala a destruir a sua família, rompendo definitivamente a amizade. As mulheres são lançadas numa masmorra e Ben-Hur condenado às galés. 


Ao fim de três anos, Ben-Hur salva a vida de Quintus Arrius, o cônsul romano, durante uma batalha naval contra os piratas fenícios, que o liberta e adota como filho. Assim, Judah torna-se um nobre romano e num renomado atleta das corridas de quadrigas.


Um dia, porém, decide partir para a Judeia em busca da mãe e da irmã. Uma longa e incrível odisseia que o vai levar a cruzar de novo o caminho de Jesus Cristo e a ajustar contas com Messala, na sequência de uma emocionante corrida de quadrigas.


Ben-Hur foi o grande acontecimento de 1959, tendo arrebatado 11 Oscares da Academia de Hollywood (feito até então inédito, só depois equiparado a Titanic, em 1998), incluindo os de Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Ator (neste caso consagrando Charlton Heston como o herói por excelência dos grandes épicos). 

Estrondoso êxito de bilheteira, Ben-Hur é também consagrado como um dos cem melhores filmes de acordo com o Vaticano, na categoria Religião, quando a Santa Sé elaborou uma lista através do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, quando em 1995 o Cinema, como Sétima Arte, completou 100 anos (vide em: http://www.videotecacatolica.blogspot.com.br/p/guia-de-filmes-do-vaticano.html)



Trata-se, pois, de um épico grandioso e espetacular sobre a agitada e emocionante vida de um príncipe hebreu que, devido a inesperadas circunstâncias, se torna escravo, nobre romano, e é aclamado como herói das corridas de quadrigas, entre Jerusalém e Roma, e cujo destino se cruza, por mais de uma vez, com o de Jesus Cristo. William Wyler, dispondo de um orçamento fantástico, assinou um filme admirável, pela sua dimensão aventureira, romântica, religiosa, mística e heróica, que continua até hoje, passados  53 anos depois, a impressionar pela sua grandiosidade espetacular e pela sua comovente dimensão humana.


Entretanto, muito mais que um superespetáculo em sua grandeza épica de cenários, figurinos, e atores inesquecíveis, que fez arrastar multidões aos cinemas de todo mundo, é também um filme cuja a história retrata a trajetória de um judeu que vive um conflito entre sua fé, seu patriotismo, nutrido posteriormente pelo desejo de vingança, e por fim ao amor e redenção. 


Mas tal trajetória foi narrada antes através de um romance muito difundido nos Estados Unidos (e mais tarde um estrondoso Best Seller mundial), por um homem sem crença religiosa, um ateu que em fins do Século XIX tinha o objetivo de escrever um livro que tinha por finalidade desmistificar o Cristianismo e provar que Jesus Cristo nunca existiu. Logo, ao fazer tais pesquisas em várias bibliotecas dos Estados Unidos e na Europa para compor sua obra se deu conta de duas coisas: que Jesus de Nazaré foi um homem de carne e osso, e que Deus existia dentro dele e de quem acreditava nele. Seu nome: General Lewis Wallace.

CONHECENDO O AUTOR DA OBRA LITERÁRIA QUE ORIGINOU O FILME

Lewis Wallace (*1827 -+1905) passou a acreditar em Deus e pôs-se a escrever uma das obras literárias mais lidas de todos os tempos, traduzido para diversos idiomas (inclusive para o Braile), narrando a história do Príncipe semita Judah Ben-Hur. Lewis (ou Lew, como também era chamado) Wallace nasceu em Brookville, Indiana, EUA, a 10 de abril de 1827.Se tornou um homem de armas, um militar, participando de grandes momentos na História da América do Norte, Servindo na Guerra de Anexação do Texas e na Guerra de Secessão(1861-1865, com as forças da União). Destacou-se com bravura nesta última, o que o galhardou futuramente o posto de General. Mais tarde se tornou governador do Território do Novo México algumas décadas antes de ser um Estado da União (1878-1881) e ministro encarregado de negócios na Turquia (1881-1885).

Além de ser um inigualável estrategista de guerra e homem de luta e aventuras, Wallace era um homem de cultura. Antes da Eclosão da Guerra Cívil America, formou-se em direito e chegou mesmo a advogar. Isto permitiu que mais tarde Wallace se tornasse um célebre diplomata. Como Governador do Território do Novo México, foi ele que concedeu anistia ao célebre famigerado “outlaw” William Booney, o lendário Billy The Kid do Velho Oeste, mas logo depois lhe negou o indulto por participar dos “Vigilantes”, um grupo de “justiceiros” que espalhavam pânico e terror na região do Novo México, executando sumariamente.


Antes e depois de algum tempo da Guerra Civil na América do Norte, Lew inclinava-se para a descrença em questões religiosas. Certo dia, viajando pela estrada de ferro, encontrou-se com o Coronel Ingersoll, famoso ateu. Sua conversação girou em torno do assunto religioso e então o coronel apresentou suas idéias. Wallace ouviu-as e ficou muito impressionado, mas finalmente observou que não estava preparado para concordar com Ingersoll em certas proposições extremas, relativas à negação da divindade de Cristo.

Ingersoll aconselhou Wallace a que dedicasse ao assunto o mais cuidadoso estudo e pesquisa, como ele mesmo já fizera, confiando que Wallace, depois disso, concordaria com seu ponto de vista. Depois de se despedirem, o General Wallace cogitou do assunto, e resolveu entregar-se à mais minuciosa investigação.

Durante seis anos ele pensou, estudou e pesquisou. De início, Wallace tinha esperança de escrever uma obra que pudesse desmistificar Cristo e o Cristianismo, mas acabou fazendo o inverso. No fim desse tempo, em 1880 ele escreveu e publicou a obra literária "Ben Hur". Um outro amigo de Wallace encontrou-o pouco depois num hotel em Indianápolis. O livro foi naturalmente o tópico da conversação.


Depois de contar a história acima referida, Wallace disse ao amigo: 

Comecei a escrever um livro para provar que Jesus Cristo nunca existiu e quando me dei conta estava provando que Ele de fato existiu. Tal conviccão tornou-se em mim certeza absoluta. Ao estudar seu caráter, não tive mais dúvidas ser ele o Filho de Deus, e assim abri totalmente o meu coração a Ele. O resultado do meu longo estudo foi a convicção absoluta de que Jesus de Nazaré não era apenas o Cristo, mas era também o meu Cristo, o meu Salvador, e meu Redentor. Uma vez estabelecido este fato em minha mente, escrevi, então "Ben Hur".

Wallace ainda escreveu o romance “O Príncipe da Índia”, em 1893, mas a obra não conseguiu atingir a mesma notoriedade do romance bíblico que definitivamente o consagrou. O General Lewis Wallace faleceu a 15 de fevereiro de 1905, em Crawfordsville, Indiana, aos 77 anos de idade.


A REDENÇÃO

Ben-Hur tem sua vida destruída pelo ex amigo Messala, após recusar-se a colaborar plenamente com o Império dos Césares. Acusado por um crime que não cometeu, é condenado a viver o resto de seus dias nas galeras imperiais, remando até a morte. Pouco nos é revelado sobre Messala, apenas que, anos antes dos eventos retratados no filme, ele travou uma profunda amizade de infância com Ben-Hur, e regressando a Jerusalém como uma das mais altas autoridades romanas esperava contar com a cooperação ilimitada do nobre judeu.



Porém, o mais importante traço do filme continua a ser sua busca em associar a história de decadência, superação, vingança e arrependimento de Ben-Hur àquela de Jesus, com o qual o protagonista esbarra em diversos momentos da trama. Numa das cenas mais antológicas da obra, Ben-Hur já se tornou um cativo do Império Romano, acusado de ter atacado o governador da Judéia, e a trupe de condenados que integra está seguindo pelo deserto. 


Em uma das paradas, os criminosos, acorrentados por um corpulento centurião, não recebem água de seus captores. Tombando por terra, Ben-Hur chega ao auge do desespero. Homem outrora poderoso, uma referência em sua comunidade, é reduzido à reles condição de escravo, sendo forçado a testemunhar a prisão de sua mãe e sua irmã, perdendo mesmo o direito de beber um gole de água. Jogado na areia, o nobre clama por misericórdia, quando de súbito um homem misterioso começa a afagar sua testa, oferecendo-lhe uma tina de água fresca.



Ao encará-lo, Ben-Hur fica perplexo diante de seu rosto, que nós, os espectadores, não podemos ver. Logo em seguida, o centurião aproxima-se. De chicote na mão, está disposto a pôr fim a tudo, e agredir quem dera de beber a um homem sedento. Mas, ao ver seu rosto, retrai-se, tomado de medo e vergonha. A escolha de não mostrar o rosto de Jesus partiu de Wyler, como uma demonstração de respeito ao autor Lew Wallace. Considerava essa uma forma de referenciar a crença na divindade de Cristo. Nesse contexto, dar-lhe um rosto seria necessariamente torná-lo mundano segundo sua concepção.


Após uma série de incidentes incríveis, anos depois da condenação, Ben-Hur consegue regressar a Jerusalém, chamando o terrível Messala para um “duelo”. Ambos participam, no último ato da história, de uma corrida de quadrigas, na qual a vida de cada um dos competidores estará em risco.


O espectador que ver alguma forma de punição, capaz de equiparar-se à magnitude dos crimes cometidos pelo tribuno romano, e com ela somos presenteados. Quando as quadrigas de Messala e Ben-Hur se aproximam, o romano faz todo o possível para derrubá-lo, dilapidando suas rodas e chicoteando-o. Em um lance de sorte, é destruída a quadriga do próprio Messala, fazendo com que ele seja arrastado por seus cavalos e atropelado por outros competidores. Passada a satisfação inicial de que somos imbuídos, diante do sucesso da vingança, Judah Ben-Hur vai ao leito de seu inimigo e se depara com um doente. O tribuno deixa de ser um alvo de ódio para tornar-se indivíduo digno de 
misericórdia.




Ele não mostra qualquer arrependimento por seus atos, mas o que antes podia ser encarado como pura maldade torna-se fraqueza, medo e loucura. Por pior que fossem seus pecados, Ben-Hur percebe que nem Messala, um homem de grande porte físico, merece ouvir um cirurgião dizer-lhe que suas pernas deverão ser amputadas. Messala não teve a oportunidade de obter sua redenção, mas o protagonista a tem a partir desta cena, e virá muito mais quando sua mãe e irmã, que por três anos não as via desde que elas foram encarceradas e ele enviado às galés, as reencontra num vale de leprosos. 




No dia da Paixão, Ben-Hur, instigado pela esposa Esther, resgata sua irmã e sua mãe do vale dos leprosos e as leva ao encontro de Jesus de Nazaré, e mal sabem que o Redentor esta a caminho de seu martírio para o calvário, quando passados horas depois da morte de Cristo na Cruz, as mulheres são milagrosamente curadas, proporcionando assim um reencontro emocionante com a mãe e a irmã, onde finalmente o herói compreende a duras penas o verdadeiro propósito da missão de Jesus Cristo na Terra.



BEN HUR É o épico por excelência, contando a saga da Cruz sobrepujando o Império dos Césares. Vale a pena todo católico ter em sua videoteca particular esta verdadeira obra prima do cinema, que esta disponível em DVD e Blu-Ray nas melhores lojas especializadas no Brasil.


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EM TEMPO

Esta Obra Imortal do Cinema Religioso e Épico tem um comentário musical marcante assinado pelo compositor húngaro Miklos Rozsa (*1907 - + 1995), que ganhou o Oscar por compor a trilha sonora deste grandioso filme. Adendo, colocado aqui um vídeo com o saudoso compositor regendo em um programa de TV todos os temas da trilha do filme em um especial realizado para a TV americana.




O FILME DE 1959, PELA GLORIA TV. ESTRELADO POR CHARLTON HESTON. DIREÇÃO: WILLIAM WYLER.

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